O Meireles, macaco sagui em forma de gente, tinha duas peculiaridades: sabia tocar na viola o início (mas apenas o início) de mais de 50 canções e, num misto de engenho artesanal e vaidade, tinha por hábito colar a parte superior das suas orelhas de abano à cabeça, sempre que à noite saía com os amigos. Assim se sentia mais hominídeo.
Noite de ano novo. Depois de terem sido apanhados pela meia-noite num semáforo, o Meireles e os amigos resolveram tentar entrar no bar da moda (chamado assim mesmo, “O Bar da Moda”), para aí rasgarem a noite até de lá sair o dia.
Graças à “cara de uísque velho” do Leonel (capaz de fazer entrar um clã de ciganos numa casa de chá de "tias" de Cascais), receberam o sinal de chamada do porteiro.
Quando se preparavam para entrar, o Jaime diz lá de trás:
- Ó pá, cancela! Já ninguém entra.
- Ninguém entra? Mas porquê?
- Descolou-se uma orelha ao Meireles.
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