O ciclista encetou a fuga aos quinze quilómetros de corrida. Leva já mais de cem quilómetros de esforço solitário debaixo do jersey. Por fora, pele bravia de cigano das estradas. Por dentro, pele mimosa de menino de família.
O terreno começa a subir. Pedalada em desequilíbrio controlado. Bocas e garrafas que se abrem ao longo da estrada. E as letras brancas a passarem no asfalto negro.
Perto do final da etapa, o pelotão relança a caça. O herói do dia começa a perder terreno, vítima da carnívora perseguição.
A poucas centenas de metros do fim, raposa acossada com o bafo da matilha na nuca, está prestes a ser alcançado pelo implacável pelotão.
Para o evitar, desvia-se da estrada serpenteante e lança-se sobre a ribanceira, cortando em primeiro lugar a meta do vale aberto, balizada por duas aldeias ensolaradas.
Enquanto plana, vai beijando o ar sob a vaga de aplausos que leva na cabeça.
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