Quando lavava a cara de manhã, teve a sensação de que havia mais alguém em casa, embora a mulher já tivesse saído com os miúdos.
A sensação acompanhou-o durante uns dias, até que uma noite foi à cozinha e surpreendeu um estranho a servir-se de água do frigorífico. Perguntou-lhe o que fazia ali, mas o misterioso intruso rapidamente se escapuliu.
Pediu explicações à mulher, que lhe respondeu ser a hospitalidade um dever das gentes de bem. Além disso, aquele estranho não dava trabalho nenhum, pois dormia no quarto sem janelas da antiga empregada e só comia sobras e Nestum com mel (a uns módicos 2 euros a embalagem).
Nos primeiros tempos, sempre que se cruzava com o estranho fazia questão de lhe mostrar má cara. Mas lá acabou por habituar-se àquela nova presença, concluindo mesmo, com satisfação, que lhe permitira libertar-se de penosas tarefas domésticas como a bricolage, a limpeza da loiça e as sessões semanais de sexo conjugal.
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