Plantado no lado batido da cidade, o bairro onde o Tino mora é uma irredutível aldeia gaulesa onde não vigora a lei de Roma.
Filho do bairro, bisneto de África, o Tino torce menos pelo Benfica do que os primos de Angola, não acreditando em pátrias ou amanhãs que cantam.
Tem uma esquina onde se vai recostar no sofá sem molas do pequeno crime para beber o seu concentrado de rua e gemer um rap figadal contra o mundo.
Já tinha assaltado algumas lojas quando resolveu ir três vezes seguidas à mesma missa, uma sedutora casa de doces e licores. Foi apanhado à terceira eucaristia.
Agora, no reformatório, do que mais sente saudades não é da família nem das mulatas de corpo esguio que - como os quivis - cedem ao toque quando maduras, mas das ganzações, gangsterices e grafitanços da sua aldeia gaulesa onde não vigora a lei de Roma.
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