Naquela tarde tropical, só um casal se passeia pelas ruas. No banco da praça central, um velho permanece. Sombra chinesa de ossos com cajado. Corpo espondilósico que vai sorvendo o vagar da tarde.
De repente, o velho ergue-se com um poderoso golpe das costas doentes. Começa a balançar-se e a agitar os braços. Rejuvenescido, lança-se então numa dança enérgica, compulsiva. É dançarino de salsa em palco de festa, neo-adolescente com a endemoninhada anca de Elvis.
Até que tomba bruscamente sem vida, como árvore centenária abatida por um raio.
É apenas um segundo depois que o escorpião se escapa pela perna das calças rafadas, afastando-se do corpo imóvel com eficácia.
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